Saiba mais sobre a pré-habilitação cirúrgica
Que exercícios serão mais adequados numa pré-habilitação cirúrgica?
Abordar o impacto de resultados pós-operatórios é atualmente cada vez mais relevante, à medida que mais pessoas vivem mais tempo/anos, a necessidade de cirurgia aumenta e continuará a aumentar. Simultaneamente, aumentou o número de "doentes de alto risco" - idosos, pessoas mais debilitadas ou com doenças crónicas, como a diabetes, doenças pulmonares, cardíacas e outras morbidades multifacetadas, em que todos aumentam a possibilidade de ocorrências de complicações em cirurgia.
Neste contexto surge a pré-habilitação cirúrgica, que envolve um conjunto de medidas que procuram melhorar a aptidão física do paciente no período pré-operatório, de modo a acelerar a sua recuperação, reduzindo os índices de morbidade e mortalidade após o procedimento.
A evidência emergente para a pré-habilitação é promissora, e mostra estadias hospitalares mais curtas, menos complicações pós-operatórias, taxas de readmissão reduzidas e recuperação funcional mais rápida.
A pré-habilitação é uma estratégia multimodal, que envolve a modificação de fatores de risco comportamentais e de estilo de vida, com o objetivo de aumentar a reserva funcional pré-operatória, levando a uma melhor recuperação funcional pós-operatória e uma incidência reduzida de complicações.
Os programas de pré-habilitação concentram-se principalmente nos 3 domínios de exercício, nutrição e bem-estar psicológico, contudo podem variar, dependendo do tipo de cirurgia
e recursos acessíveis.
Estão recomendados dois tipos de exercício:
• O exercício aeróbico, que melhora os indicadores de aptidão cardiorrespiratória, ou seja, a capacidade do coração e pulmões para fornecer oxigénio e a resposta geral ao stress do organismo, (Exemplos: caminhada, ciclismo);
• O treino de resistência / força, que no período pré-operatório é viável, e evidências de pequenos estudos, correlacionam a uma melhoria na força musculoesquelética, traduzindo-se numa melhor função física pós-operatória (Exemplos: musculação, uso de bandas de resistência);
Há que referir, também, a importância dos exercícios respiratórios que melhoram a função do pulmão no pós-operatório.
O estado nutricional interfere igualmente nos resultados pós-operatórios. Quanto mais comprometido estiver o estado nutricional, mais elevados são os riscos de morbimortalidade e, por conseguinte, maiores os custos hospitalares. Os objetivos da pré-habilitação nutricional são minimizar o balanço energético-proteico negativo, causado pelo jejum no pré e pós-operatório, bem como a manutenção da massa magra e da função imunológica, com a finalidade de otimizar a recuperação pós-operatória.
Devem ser evitandos alimentos ricos em açúcar refinado, gordura saturada ou industrializados (como por exemplo bolachas, refrigerantes e carnes gordas). Isso porque esses alimentos interferem no processo de cicatrização e do sistema imunológico.
A ingestão hidratos de carbono complexos (substituir massa, pão e arroz branco por integral) atua favoravelmente na redução da gordura intra-abdominal, principalmente em pacientes com resistência à insulina.
Ao comer uma combinação de frutas, vegetais, legumes e grãos inteiros, permite ter fontes ricas em fibras, antioxidantes, vitaminas e minerais.
Thordis Berger
Chief Medical Officer