Posso fazer exercício tendo uma hérnia?

As hérnias discais são uma causa comum de dor no pescoço, costas, braços ou pernas.

Sintomas

Os sintomas variam em função da localização da hérnia discal.

Na coluna lombar ocorre dor embora seja importante reforçar que as dores lombares são comuns, afetam cerca de 20% da população e nem sempre resultam de hérnia discal.

A hérnia discal pode comprimir um nervo espinhal causando dor na perna e pé (ciática) e/ou nas costas, adormecimento, formigueiro, alterações da sensibilidade e fraqueza muscular. A hérnia discal pode ser causada por um esforço, mas é comum que o doente não se recorde de nenhuma atividade ou acontecimento particular que tenham desencadeado os sintomas.

Diagnóstico

É importante confirmar a localização precisa e o estado atual da hérnia.

Para tal, procure o seu médico que poderá recomendar-lhe a realização de um raio-X, de uma ressonância magnética ou de uma TAC. Embora o RX faça parte do estudo da dor das costas ou perna, a hérnia discal não se visualiza neste exame uma vez que é formada por material não ósseo. O exame ideal para o seu diagnóstico é a Ressonância Magnética (RMN), ou em alternativa a Tomografia Axial Computorizada (TAC). Em alguns casos pode ser útil o estudo da condução nervosa e Eletromiografia (EMG).

Após terem sido afastadas outras causas para os sintomas e quando uma Hérnia discal é diagnosticada, deve-se ter em conta que em mais de 60% dos casos existe uma resolução espontânea dentro de 2 a 3 meses.

No que refere à prática desportiva, existem fatores inerentes que têm que ser considerados.

O exercício físico utilizado como forma terapêutica é altamente recomendado para a recuperação da área afetada, isto implica que o exercício seja dirigido principalmente para a deficiência funcional do trauma. Assim, um programa de reabilitação funcional deve ser sempre individualizado, tendo em conta também o local e tipo de hérnia. É importante orientar o indivíduo para uma boa perceção postural levando o mesmo a adotar uma mecânica corporal mais adequada no seu dia a dia, minimizando sobrecargas na coluna. É necessário trabalhar as amplitudes articulares e refortalecimento muscular. Os exercícios ou posições corporais que provoquem dor devem ser evitados ou substituídos por outros, realizando as atividades propostas progressivamente, respeitando sempre o limite da dor e a evolução de cada indivíduo.

Conclusão

Concluímos que as atividades físicas aeróbias, de fortalecimento muscular e de flexibilidade são componentes essenciais e comprovadamente eficazes no programa físico de indivíduos com lesões degenerativas da coluna vertebral, quando prescritos e realizados adequadamente.

Caso possua algum tipo de patologia da coluna, recomendamos que procure um profissional do exercício físico para elaborar um plano individualizado, de acordo com as suas capacidades e objetivos, de forma a potenciar o seu melhor!

O objetivo é diminuir a carga na estrutura lesionadas usando exercícios de agachamento e movimentos de rotação com pesos pois poderão piorar o quadro clínico. Evite também correr, saltar ou fazer até estabilizar.

Referências bibliográficas:

El Barzouhi A, Verwoerd AJH, Peul WC, et al. Prognostic value of magnetic resonance imaging findings in patients with sciatica. J Neurosurg Spine. 2016;24(6):978–985.

Svensson GL et al. A structured physiotherapy treatment model can provide rapid relief to patients who qualify for lumbar disc surgery: A prospective cohort study J Rehabil Med 2014; 46: 233–240.

Iwamoto J et al. Return to play after conservative treatment in athletes with symptomatic lumbar disc herniation: a practice-based observational study Open Access J Sports Med. 2011; 2: 25–31.

Thordis Berger

CMO - Chief Medical Officer - Portugal