Conheça as mais recentes guidelines para a prevenção de cancro

Publicado em Nutrição and tagged cancro, dieta , exercício físico, obesidade

Descubra as recomendações mais recentes para a prevenção do cancro no que diz respeito à dieta e exercício físico.

A American Cancer Society publicou no mês de junho as novas guidelines para a prevenção do cancro no que diz respeito à dieta e exercício físico. A forma como nos alimentamos é um fator determinante importante do risco de cancro. Isto deve-se não só ao seu contributo para a ingestão calórica, mas também à sua influência noutros mecanismos biológicos que alteram significativamente o risco, independentemente do peso. 


Apesar da associação entre cancro e nutrientes específicos ser baixa, o efeito sinérgico de um padrão alimentar parece ser importante. Entre os diferentes padrões analisados, os investigadores concluíram que há itens transversais a todos quando se fala na prevenção desta patologia: maior ênfase nos alimentos de origem vegetal (ex: vegetais, leguminosas, fruta, cereais integrais, sementes, frutos secos), seleção de fontes de proteínas saudáveis (preferencialmente leguminosas, peixe e/ou carne branca e a redução de carne vermelha e processada) e baixo consumo de gorduras saturadas, gorduras trans e açúcares.


As novas guidelines recomendam a adoção de um estilo de vida saudável em todas as faixas etárias. Veja na tabela que se segue um resumo das principais recomendações:


Tabela Guidelines Prevenção do cancro | Holmes Place


Questões comuns:

Açúcar: alimenta as células cancerígenas?

Acúcar | Prevenção do cancro | Holmes Place


Apesar de estudos laboratoriais já terem mostrado que o metabolismo da glicose ocorre mais rapidamente em células cancerígenas do que em células saudáveis, isso não significa que sejam diretamente “alimentadas” por açúcar. É um dado mal interpretado. O açúcar deve ser limitado na dieta devido ao seu impacto noutros mecanismos fisiológicos que, de forma indireta, estão associados ao aumento do risco de cancro. Um deles relaciona-se com o aumento da ingestão calórica, que pode induzir o aumento de peso, sendo a obesidade um fator de risco para o cancro. Quer o açúcar refinado, quer o açúcar mascavado, muitas vezes tido como uma opção mais segura, exercem efeitos metabólicos similares no organismo contribuindo para o aumento do aporte energético e aumento da excreção de insulina. Neste sentido, as novas guidelines recomendam a redução do consumo de alimentos açucaradas (bolos, bolachas, bebidas açucaradas, gelados ou outros altamente processados com adição de açúcar).


Glúten: devo eliminar?

Glúten | Prevenção do cancro | Holmes Place


Não há evidência que uma dieta isenta nesta proteína esteja associada a menor risco de desenvolvimento de cancro. Vários estudos sugerem que o consumo de cereais integrais, incluindo os que têm glúten, provavelmente reduzem o risco de cancro do colon. Contudo, no caso dos celíacos e nos indivíduos com sensibilidade ao glúten, o cenário é diferente. Em pessoas com doença celíaca, o seu consumo desencadeia uma resposta imunitária que induz lesões a nível intestinal, podendo aumentar o risco de cancro. Há também uma maior inflamação no intestino, quando indivíduos com maior sensibilidade ao glúten fazem um consumo regular de glúten, mecanismo que pode levar ao desenvolvimento do cancro gastrointestinal. 


Carne vermelha e processada: existe um limiar de consumo seguro?

Carne Vermelha | Prevenção do cancro | Holmes Place


As carnes vermelhas são provenientes do tecido muscular de mamíferos (ex: carne de vaca, porco, carneiro, cabrito ou cavalo). O termo “carne processada” refere-se àquela que foi transformada com o objetivo de intensificar o sabor ou aumentar o período de conservação, através de processos como salmoura, secagem, fermentação ou defumação. Exemplos: fiambre ou salsichas – mesmo de aves, bacon, presunto, chouriço). 

Já em 2015, a International Agency for Research on Cancer incluiu a carne processada no grupo I de agentes carcinogénicos (o mesmo nível que o tabaco ou o amianto) e a carne vermelha como um agente “provavelmente carcinogénico” pertencente ao grupo 2A baseando-se em estudos associados ao cancro colorretal. 

A evidência atual continua a recomendar o limite da ingestão de carne vermelha e processada sendo desconhecido um limiar seguro para consumo. Estudos demonstraram que ambas aumentam o risco de cancro colorretal. Como alternativa proteica, a American Cancer Society sugere o peixe, leguminosas ou carnes brancas. 


Sumos detox: beber sumos detox ao longo do dia previne o aparecimento de cancro?

Sumos Detox | Prevenção do cancro | Holmes Place


Apesar dos sumos de vegetais e fruta constituírem uma forma de ingerir compostos salutares para o organismo, estes contêm menos fibra, mais açúcar disponível e menos nutrientes benéficos por comparação aos alimentos na sua forma inteira. Não existe evidência científica que demonstre que beber mais do que um sumo por dia reduz o risco de cancro, apesar de algumas dietas incentivarem à ingestão exclusiva de “sumos detox” ao longo de um dia. As alegações “detox”, “desintoxicação” ou “eliminação de toxinas” também carecem de suporte científico. 


Plant-based diet: de que forma pode reduzir o risco de cancro?

Plant-based Diet | Prevenção do cancro | Holmes Place


A Plant-Based diet está associada a uma redução dos níveis de inflamação no organismo. Parece otimizar a resposta à insulina e reduzir o stress oxidativo responsável pelas lesões no DNA. Está também associada a uma melhoria da qualidade das bactérias presentes na flora intestinal por comparação a dieta ricas em alimentos de origem animal, com elevado consumo de gordura saturada e açúcar. 


Bebidas alcoólicas: Existe um nível de ingestão seguro? Há algum tipo de álcool que represente menor risco?

Bebidas alcoólicas | Prevenção do cancro | Holmes Place


A evidência científica sugere que o consumo de álcool está associado a diferentes tipos de cancro e que, para reduzir o risco, não há um limiar seguro. Para os que optam por ingeri-lo, a American Carncer Society recomenda que os homens não excedam duas bebidas por dia e as mulheres uma. 

Uma vez que o fator de risco é o etanol não existem bebidas alcoólicas mais aconselhadas quando falamos na prevenção de cancro. 


Antioxidantes: o que têm a ver com o cancro?

Antioxidantes | Prevenção do cancro | Holmes Place


Os antioxidantes atuam como elementos protetores do desenvolvimento de células cancerígenas. 

Apesar da inclusão de vegetais e fruta na dieta, naturalmente ricos em antioxidantes, esta está associada a um risco menor de alguns tipos de cancro, o mesmo não acontece quando se tomam antioxidantes através de suplementos. Alguns estudos até mostram resultados antagónicos. Neste sentido, as diretrizes assentam na ingestão de antioxidantes através de alimentos e não de suplementos. 


Consulte as novas guidelines em:

https://acsjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.3322/caac.21591


Joana André

Nutricionista Holmes Place Palácio Sottomayor

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