Doença renal crónica: causas e importância da alimentação

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Sabia que uma alimentação de origem vegetal pode ser bastante importante em casos de doença renal crónica?

A doença renal crónica (DRC) abrange uma série de condições que danificam os rins e reduzem sua capacidade de manter o corpo saudável. Entre as principais funções dos rins realça-se a eliminação de resíduos, o controlo dos fluidos corporais e da pressão arterial, a regulação do equilíbrio hidroeletrolítico e do ácido-base, a síntese e a regulação de hormonas. Além disso, o rim é um dos principais órgãos envolvidos no metabolismo dos nutrientes e equilíbrio nutricional do organismo.


A DRC é caracterizada pela deterioração progressiva da função renal. À medida que os rins vão perdendo a capacidade de filtração, acumulam-se eletrólitos e substâncias tóxicas no sangue.


A doença renal crónica tem implicações em toda a saúde e bem-estar do indivíduo com consequências, tais como a anemia, as doenças ósseas, as alterações do sono, as alterações gastrointestinais, entre outras.

A doença renal afeta milhões de pessoas em todo o mundo, estimando-se que atinja 10% da população mundial, abrangendo todas as faixas etárias, embora a sua incidência seja maior nos adultos e idosos.  

O estádio mais severo ocorre quando se atinge uma função renal inferior a 15% do normal e quando se torna necessário recorrer a uma técnica de substituição da função renal, como a diálise (hemodiálise ou diálise peritoneal) ou transplante.


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Se a doença renal é detetada precocemente, a medicação e mudanças na alimentação e no estilo de vida podem prolongar a “vida” dos rins, e permitir que o indivíduo continue a sentir-se bem por mais tempo.

A prevenção, a deteção precoce e o tratamento são especialmente importantes para a doença renal porque os danos renais crónicos costumam ser permanentes, exigindo o uso de diálise ou transplante, uma vez que tenham falhado totalmente.


A causa

A diabetes e a hipertensão arterial são condições responsáveis por dois terços da doença renal crónica. Por outro lado, as pessoas com histórico familiar de doença renal têm maiores probabilidades de vir a sofrer desta doença. Além disso, algumas doenças renais podem tornar-se crónicas.

Doenças do trato urinário como a glomerulonefrite, a pielonefrite, rins poliquísticos, doenças que afetem o sistema imunitário como a lúpus ou infeções urinárias recorrentes graves, são alguns exemplos.


A importância da alimentação

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Uma alimentação que privilegie alimentos integrais à base de vegetais, tem-se mostrado altamente eficaz na prevenção e no tratamento da diabetes tipo 2, da hipertensão arterial e das doenças cardiovasculares. E, significa que incide na maioria dos fatores causais desta patologia como também na principal causa de morte em pacientes com doença renal.  


Muitos outros autores aconselham e apontam os aspetos benéficos da restrição proteica quando a lesão renal já existe, nomeadamente, no atraso da progressão da doença renal, retardando ou prevenindo a necessidade de diálise ou transplante.     


As dietas vegetarianas têm sido promovidas como uma forma de retardar a progressão da doença renal, conseguindo manter um adequado estado nutricional dos doentes, desde que calculadas, tendo em atenção os ácidos aminados limitantes. 


De facto, existe uma evidência que aponta que substituir apenas uma porção diária de carne vermelha por soja e legumes, poderá reduzir o risco de doença renal final (estádio 5) em 50%.  


Na doença renal, é frequentemente necessária a restrição do fosfato alimentar. Hoje em dia, a alimentação inclui inúmeros alimentos e bebidas processados em que são usados aditivos e conservantes com elevado conteúdo em fósforo inorgânico. Muitas vezes, estas fontes “escondidas” não são contabilizadas, por habitualmente não aparecerem descritas nem na rotulagem, nem nas tabelas de composição de alimentos. Uma forma simples e eficaz de reduzir a quantidade de fósforo alimentar, sem diminuir significativamente a quantidade de proteínas, é evitar o consumo de refrigerantes com fósforo na sua constituição, refeições pré-cozinhadas e outros alimentos processados com aditivos com fósforo.


Se desejar fazer a transição para uma alimentação whole food plant-based, é essencial discutir este objetivo primeiro com o seu médico e proceder sob supervisão médica. Cada doente tem a sua individualidade, e merece mantê-la, devendo ter um plano alimentar próprio, de acordo com a sua situação clínica e necessidades individuais.


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