Relação entre a Alimentação plant-based e Alzheimer

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Descubra qual a relação entre seguir uma alimentação plant-based e a prevenção da doença de Alzheimer.

Atualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a prevalência da doença de Alzheimer no mundo é aproximadamente 47.5 milhões de casos e estima-se que este valor duplique a cada 20 anos. 


Em Portugal, estima-se que em 193 mil pessoas com demência, 130 mil apresentam doença de Alzheimer. 


A demência está presente em várias patologias, sendo a doença de Alzheimer a forma mais comum de demência, representando 60% a 80% dos casos. Esta doença pode ter a duração de 3 a 20 anos mas varia de caso para caso, sendo que a média é de 7 a 10 anos. 


O Alzheimer é caraterizado como sendo uma doença neurológica degenerativa, progressiva e irreversível que agrava progressivamente a cognição do indivíduo e, em fases mais avançadas pode afetar o funcionamento do organismo. 


A doença de Alzheimer é caracterizada por uma alteração neuro-degenerativa no córtex cerebral, que pode resultar numa atrofia cerebral e desencadear perdas de memória, alterações motoras e cognitivas impedindo o indivíduo de realizar as atividades básicas do dia-a-dia. 


Fatores de risco

Relação entre alimentação plant-based e alzheimer | holmes place


As causas da doença de Alzheimer têm cariz multifatorial, sendo caraterizadas por diversos fatores de risco como a idade, o síndrome de Down, a baixa escolaridade, reações inflamatórias, fatores genéticos e ambientais, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, hipertensão arterial, dislipidemia, obesidade e tabagismo. 


Nutrição na doença de Alzheimer

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A alimentação desempenha um papel fundamental na prevenção e agravamento da doença de Alzheimer pois tem a capacidade de evitar a progressão da doença e retardar os sintomas, proporcionando a melhor qualidade de vida possível. Dietas com teor elevado de gorduras saturadas e quantidades reduzidas de fibras, frutas e hortícolas estão associadas a um risco aumentado de desenvolver esta patologia.


Uma dieta equilibrada, completa e variada é um fator que pode prevenir o surgimento de Alzheimer. Uma dieta rica em antioxidantes, vitaminas do complexo B, polifenóis e ácidos gordos polinsaturados demonstra um efeito protetor no surgimento da doença. A ingestão de peixe, fruta, vegetais e café está associada a diminuição do risco de desenvolver a doença. 


Uma dieta rica em frutas, leguminosas, hortícolas, cereais não refinados e gordura insaturada, com quantidades moderadas de produtos lácteos e carne e consumo regular de peixe parece fornecer todos os nutrientes em quantidades adequadas para suportar a função cognitiva, reduzir o risco de declínio cognitivo e diminuir o risco de desenvolver doença de Alzheimer. 


O ómega 3, as vitaminas do complexo B e as vitaminas E, C e D apresentam benefícios na cognição do indivíduo, principalmente na fase de envelhecimento. A ingestão de alimentos ricos em Vitamina E (vitamina lipossolúvel com grande poder antioxidante) revelam ter efeitos protetores. 


Com a análise bibliográfica é possível concluir que há mais intervenções terapêuticas na prevenção do que especificamente no tratamento da doença de Alzheimer. Surge então a necessidade de adotar um padrão alimentar equilibrado ao longo da vida, de forma a evitar possíveis comorbilidades que originem o surgimento desta patologia.


Alimentação plant-based

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As escolhas alimentares da sociedade têm um elevado impacto nível ambiental, sendo fundamental ponderar a adoção de um padrão alimentar mais sustentável, com o foco em padrões alimentares saudáveis, de fácil acessibilidade, económicos e sustentável.

As escolhas alimentares devem ser conscientes, privilegiando o comércio local, a sazonalidade, preservando assim o ambiente.


A alimentação plant-based privilegia a ingestão de produtos de origem vegetal, como frutas, hortícolas, frutos secos, sementes, cereais e gorduras saudáveis e a não inclusão de produtos de origem animal. Este tipo de alimentação tem, igualmente, como objetivo aumentar o consumo de produtos locais e sazonais, reduzindo a ingestão de produtos processados.


Este tipo de dieta está associada a diversas vantagens relacionadas com a saúde e bem-estar, contribuindo para a prevenção de patologias como cancro, obesidade, doenças cardiovasculares, neurológicas, hipertensão arterial, hiperlipidemias e diabetes.


A alimentação plant-based tem múltiplos benefícios para a saúde, desde:

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Um melhor controlo do peso e saciedade: Indivíduos que seguem este tipo de alimentação têm um índice de massa corporal mais reduzido e menores taxas de aparecimento de doenças cardíacas, diabetes e obesidade quando comparados aos indivíduos com uma dieta rica em alimentos de origem animal.

A alimentação plant-based é rica em fibra, hidratos de carbono complexos, água, frutas e vegetais, conferindo uma sensação de saciedade durante mais tempo.


Redução do risco de doenças cardíacas, Alzheimer e diabetes:

Indivíduos adultos que praticam uma alimentação plant-based têm menor risco de surgimento de doenças cardíacas. O mesmo se revela com o Alzheimer, podendo prevenir e evitar a sua progressão e dos sintomas associados a este.

Uma alimentação plant-based ajuda na prevenção ou controlo da diabetes uma vez que melhora a sensibilidade à insulina, reduzindo a sua resistência.


Uma alimentação plant-based, que privilegia o consumo de alimentos de origem vegetal e restringe o consumo de origem animal, tem vários benefícios para a saúde, incluindo perda de peso, sensação de saciedade e redução do risco de doenças cardíacas, diabetes e Alzheimer.

O papel do nutricionista é fundamental para um controlo mais rigoroso e adaptado às necessidades e preferências de cada um, tal como na existência de necessidade de suplementação de vitaminas e/ou minerais.


A alimentação plant-based e o Alzheimer

Uma alimentação variada, equilibrada, completa e individualizada melhora a qualidade de vida do indivíduo com doença de Alzheimer, previne a progressão da doença, melhora a sintomatologia e previne o aparecimento de comorbilidades associadas.


Não existem alimentos específicos para tratar a doença de Alzheimer, existem sim alguns grupos de alimentos que resultam numa melhoria da sintomatologia e atuam como protetores da doença de Alzheimer.


Praticar uma alimentação saudável, equilibrada e completa, como é o exemplo da plant-based, manter uma vida socialmente e mentalmente ativa e aliar ao exercício físico reduz o surgimento da doença de Alzheimer.


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Adriana Gomes

Equipa Eat Well Holmes Place Coimbra

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