Dor nas costas aos 40 anos? Descubra como prevenir.
Já lemos ou ouvimos falar de dor nas costas centenas de vezes, mas o que é que mudou nas últimas gerações para que este problema atinja tantos e numa faixa etária cada vez mais nova?
A dor na coluna pode estar associada a uma alteração persistente e/ou recorrente e motiva frequentemente o absentismo profissional, as atividades desportivas ou mesmo grandes alterações na vida familiar de um individuo. A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (OSHA) refere que 25% dos trabalhadores, a nível mundial, já teve um ou mais episódios de dores de costas!
A dor na coluna é, normalmente, uma condição que tende a resolver-se rapidamente e espontaneamente ao fim de poucos dias. Contudo, em muitos casos pode ser causada por condições patológicas devido à degeneração dos discos intervertebrais ou alterações posturais que se vão instalando ao longo do tempo e que apenas se manifestam quando o corpo já não consegue suportar as compensações antiálgicas (anti-dor) que foram ocorrendo.
Mas a pergunta que se apraz fazer é: Porque é que indivíduos cada vez mais novos também sofrem de dores nas costas?
A resposta é o sedentarismo!
O corpo humano foi desenhado para o movimento possuindo todo um conjunto de elementos ósseos, musculares e ligamentares. Porém, apesar de todos os incentivos feitos para que as populações façam ou iniciem algum tipo de atividade física o que tem acontecido com as recentes gerações é precisamente o contrário. O acesso à tecnologia iniciado nos anos 80 com o famoso 48K foi afastando gerações de crianças que brincavam na rua durante horas, fosse a jogar futebol, ao peão, às escondidas ou outras brincadeiras que envolviam movimento. Em vez disso, o que vemos hoje em dia são crianças que passam horas em frente ao computador ou televisão e sempre com posturas incorretas.
Esta alteração de comportamento social é diretamente responsável por muitas das questões relacionadas com a dor na coluna, ou seja, a diminuição do número de horas em movimento e as más posturas dão origem a alterações na dinâmica do corpo.
Cada vez mais vemos a população jovem e adulta com alterações graves ao nível da postura, muitas delas ainda sem referirem qualquer queixa!
Vamos dar como exemplo um indivíduo que trabalha diariamente 8h por dia numa secretária ao computador sem realizar pausas. Durante todo este período o nosso corpo vai assumindo posturas incorretas que leva ao recrutamento excessivo da musculatura flexora do pescoço, anca e joelhos. Musculaturas essas que na posição ortostática (em pé) não devem ser hipersolicitados. Este desequilíbrio entre os músculos flexores e os extensores leva à instalação de compensações musculares ao nível do pescoço, tronco, ombros e coluna e consequentemente à dor.
Quais as recomendações já existentes?
Por este motivo, cada vez mais, as empresas de referência mundial têm apostado na ginástica laboral ou na formação dos seus funcionários em questões como a ergonomia laboral e a reeducação postural. É recomendável que a cada duas horas de trabalho cada funcionário deva levantar-se do seu posto de trabalho e realizar pequenos alongamentos. Este tipo de trabalho ajuda, a longo prazo, a reduzir o absentismo laboral e aumentar a produtividade de cada funcionário, prevenindo também a ocorrência de problemas de saúde.
De todas as alterações que se vão instalando no nosso corpo, a coluna é a que apresenta mais queixas por parte da população. Basta percebermos que são estes músculos que nos mantêm na posição ereta na luta diária que temos contra a gravidade. Por este motivo é que os músculos da coluna são considerados músculos eretores estáticos e os primeiros a apresentarem sintomas de dor ou disfunção.
De que forma podemos então evitar ter problemas de coluna?
Numa primeira instância é importante alterar os fatores de predisposição para tal, como as posturas incorretas ou a realização de um gesto continuo por demasiado tempo. É importante estarmos atentos e corrigir o nosso posto de trabalho; a forma como conduzimos; a maneira de pegarmos em pesos e a nossa postura no dia a dia. Acima de tudo mudar mentalidades. Começando por nós!
É importante ganhar consciência da ativação correta dos músculos estabilizadores dissociando-os dos mobilizadores; reconhecer o que é o alinhamento correto das estruturas ósseas e manter os diferentes segmentos alinhados durante a execução de tarefas; conseguir de forma consciente recrutar 2 vezes (30 segundos) a musculatura estabilizadora de um segmento no seu correto alinhamento; conseguir uma contração eficaz dos estabilizadores da coluna dissociada dos músculos da respiração; conseguir a contração dos músculos estabilizadores sem esforço evidente; conseguir os mesmos níveis de contração em diferentes posições articulares.
Exemplos:
• Coloque as mãos na região das costelas, logo abaixo do peito, realize uma inspiração profunda, tente que durante a inspiração sejam apenas as costelas que se movam e não o peito.
• Na posição de pé, dobre ligeiramente os joelhos, tente mexer a região da bacia para a frente e para trás sem que os joelhos se movam.
• Sentado numa cadeira sem ter as costas apoiadas contraia os músculos das nádegas, sinta que ao fazê-lo cresce ficando um pouco mais alto, tente realizar este movimento dez vezes tentando crescer sempre mais.
De que forma a fisioterapia pode ajudar na prevenção e na correção da dor de costas?
A avaliação do movimento por parte de um Fisioterapeuta é uma das formas de prevenirmos o aparecimento de alterações que dão origem a condições dolorosas para a coluna.
A intervenção do Fisioterapeuta além de ser baseada na evidência deve ter em conta toda a globalidade do indivíduo perspetivando não só as suas alterações estruturais, mas também a influência das suas atividades no surgimento de uma possível instabilidade da coluna.
Cabe ao Fisioterapeuta minimizar estas consequências e compreender de que modo a estabilização da coluna pode contribuir para uma qualidade de vida superior. Torna-se, deste modo, importante que este tenha conhecimento de todos os conceitos inerentes a esta condição e de que forma afetam o individuo a nível físico, psicológico e social de forma a desenvolver um programa holístico que vá ao encontro dos interesses do individuo e que promova a sua estabilidade, integração e bem-estar geral, tendo sempre em conta a individualidade.
A informação descrita neste texto embora baseada na mais recente investigação realizada sobre dor na coluna, não deixa de ser uma opinião e uma visão de um problema mais abrangente como é a dor.
Torna-se desta forma importante, caso tenha algum tipo de sintoma semelhante ao descrito no texto que seja consultado por um especialista da área da saúde como um Fisioterapeuta ou Médico.
Não só é importante movimentar-se mais mas também saber como fazê-lo!
Equipa Fisioterapia Holmes Place