Exercícios de respiração: conheça os aliados na luta contra a ansiedade

No dia 10 de outubro celebra-se o Dia Mundial da Saúde Mental.

O objetivo geral do Dia Mundial da Saúde Mental é aumentar a consciencialização sobre questões de saúde mental em todo o mundo e mobilizar esforços em apoio à saúde mental.

As perturbações de ansiedade são as mais comuns de todas as doenças psiquiátricas, imputando um grande sofrimento e incapacidade funcional. 

Em 2020, com o evoluir da pandemia, foi realizado um estudo em Portugal, que evidenciou que os portugueses apresentavam sintomas de ansiedade significativamente mais prevalentes comparativamente a dados de 2013 (27 % versus 16,5%). 

A ansiedade é um estado normal que pode ser experienciado por todos nós. É uma resposta natural presente nas crianças, adolescentes, adultos e idosos, perante diversas situações do dia a dia, como por exemplo: antes de um teste escolar, ou de uma entrevista de emprego. No entanto, quando presente em excesso, transforma-se num sentimento de desconforto, receio e aflição, com manifestações que poderão afetar as atividades de vida diárias, sendo a sua origem, muitas vezes, desconhecida pela própria pessoa.  

As perturbações de ansiedade são dos problemas de saúde mental mais frequentes em Portugal.

Como podem os exercícios de respiração ajudar?

Exercícios de respiração podem ser grandes aliados na hora de lutar contra a ansiedade. A respiração é considerada uma função-chave do corpo por possuir uma ampla gama de funções que contribuem de forma essencial para a autorregulação e a homeostasia (equilíbrio). Este conhecimento não é novo.

Pranayama (“controlo da respiração”), uma prática de yoga que se foca na respiração e que surgiu há milhares de anos, vê na respiração controlada uma ferramenta para aumentar a saúde e longevidade. Em tempos mais modernos, o psiquiatra alemão Johannes Heinrich Schultz desenvolveu a Técnica de Relaxamento Autógeno na década de 1920 como um método de relaxamento. A abordagem baseia-se em parte na respiração lenta e profunda e é provavelmente ainda a técnica de respiração mais conhecida para relaxamento no Ocidente até hoje.

A eficácia das técnicas de respiração na regulação emocional tem sido demonstrada em vários estudos, em que diferentes técnicas são utilizadas no tratamento de condições psicológicas como stress crónico, depressão, ansiedade, síndrome do pânico, entre outras. 

A respiração controlada aumenta a atividade do nervo vago, parte do sistema nervoso autónomo, que controla inúmeras funções cruciais, como a frequência cardíaca, a pressão arterial e o tónus muscular. 

Embora o sistema nervoso autónomo esteja em grande medida fora do nosso controlo, o nervo vago pode ser influenciado através da respiração controlada. 

Assim, devemos prestar muita atenção à nossa respiração, principalmente se objetivo for diminuir o stress. A respiração profunda e consciente, é uma forma de regular as emoções que é gratuita, sempre acessível, inesgotável e fácil de usar.

Thordis Berger

Chief Medical Officer Holmes Place

Departamento de Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças Não Transmissíveis do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. (2020). Relatório final: SM-COVID19 – Saúde mental em tempos de pandemia. Lisboa: Almeida, T. C., Heitor, M.J., Santos, O., Costa, A., Virgolino, A., Rasga, C., Martiniano, H., Vicente, A. Disponível em http://repositorio.insa.pt/handle/10400.18/7245

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