A importância de uma alimentação plant-based na doença de Parkinson
Saiba quais os alimentos que poderão aliviar os sintomas, ou prevenir, a doença de Parkinson.
O Parkinson, além de ser a segunda doença neurodegenerativa mais comum em todo o mundo a seguir à doença de Alzheimer, é uma doença crónica e progressiva que consiste na perda funcional progressiva de neurónios dopaminérgicos no cérebro.
Além de mutações genéticas e toxinas ambientais, os hábitos de estilo de vida como uma má alimentação e a inatividade física, são dos principais fatores de risco para o seu aparecimento.
No entanto e, embora tenham surgido ao longo dos anos terapias que possam atenuar os sintomas, a alimentação e uma abordagem nutricional pode e parece ser uma estratégia promissora na prevenção e retardamento da progressão da doença, principalmente quando é predominantemente à base de alimentos com propriedades benéficas para a saúde no geral.
Nesse sentido, descubra como uma alimentação plant-based e os principais alimentos e compostos presentes neste tipo de abordagem nutricional, poderão estar associados à melhoria da sintomatologia associada à doença de Parkinson, assim como de que forma poderá contribuir para a prevenção do seu aparecimento:
Ácidos gordos ómega-3 (EPA e DHA)
Os ácidos gordos ómega-3 são ácidos gordos polinsaturados obtidos exclusivamente através da alimentação. Exitem três tipos: ALA (ácido alfa linolénico), o EPA (ácido eicosapentaenoico) e o DHA (ácido docosahexaenoico). A sua ação anti-inflamatória e metabólica parece estar associada à prevenção das principais doenças degenerativas, inclusive a doença de Parkinson.
Alimentos ricos em ómega-3 são as sementes de linhaça, chia e os frutos oleaginosos como, por exemplo, nozes, cajus, amêndoas e pistachos.
Resveratrol
O resveratrol é um polifenol que possui inúmeras propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias associadas ao aumento da sensibilidade à insulina e, consequentemente, redução dos níveis de glucose no sangue, assim como à prevenção de doenças relacionadas com o envelhecimento pelo seu efeito neuro e cardioprotetor.
Está presente na casca e nas sementes da uva, mas pode ser encontrado noutras fontes alimentares como o vinho, frutas vermelhas, ervilhas e amendoim, por exemplo.
Antioxidantes
Os antioxidantes caratenoides e Coezima Q10 poderão estar associados a efeitos promissores na prevenção de doenças degenerativas, associados a uma redução significativa no risco de deficiência cognitiva e demência. Fontes alimentares ricas em carotenoides são a cenoura, abóbora e vegetais de folha verde-escura como, por exemplo, couves, agrião e espinafres (ricos no carotenoide caroteno) e o tomate (rico no carotenoide licopeno). Por outro lado, a Coezima Q10 pode ser encontrada, por exemplo, no tofu, lentilhas, nozes, amendoins e cereais integrais.
Cafeína
A evidência tem demonstrado que a cafeína parece estar associada a um baixo risco de desenvolver doença de Parkinson em indivíduos saudáveis e à desaceleração na progressão dos sintomas motores em pacientes com a doença. Está presente no café e no chá preto.
Em suma, uma alimentação plant-based, caracterizada por um aumento do consumo de alimentos predominantemente de base vegetal como fruta, vegetais, legumes, leguminosas, cereais integrais, azeite e frutos oleaginosos, assim como limitativa ou excluída de alimentos de origem animal, processados e ricos em açúcar, gordura saturada e sal, parece ser uma abordagem promissora na prevenção das principais doenças crónicas, inclusive nas doenças neurodegenerativas como é o caso da doença de Parkinson. Além disso, a atividade física regular também parece apresentar inúmeros benefícios para a saúde física e mental. Adote hábitos de estilo de vida mais saudáveis e comece hoje a cuidar de si e a promover o envelhecimento ativo.
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Catarina Lucas
Nutricionista Holmes Place Defensores de Chaves