A importância da alimentação na diabetes
Sabia que a diabetes tipo 2 pode ser prevenida, ou retardada, através da alimentação?
A diabetes é conhecida como a doença crónica de crescimento mais rápido no mundo.
O número de pessoas com diabetes tipo 2 está a aumentar em todos os países. Em 2013, a diabetes causou mundialmente 1,5 milhão de mortes. Níveis mais altos de glicose (açúcar) no sangue também causaram 2,2 milhões de mortes, aumentando os riscos de doenças cardiovasculares e outras doenças.
A evidência mostra que a diabetes tipo 2 pode ser prevenida ou retardada em até 58% das pessoas seguindo um plano de alimentação equilibrado, mantendo um peso saudável e sendo fisicamente ativo.
A diabetes tipo 2 é a forma mais comum da diabetes (cerca de 90% dos casos). É uma condição metabólica crónica em que os níveis de glicose (açúcar) no sangue estão demasiados elevados. É também uma das principais causas de cegueira, insuficiência renal, enfarte do miocárdio (“ataque cardíaco”), acidente vascular cerebral (AVC) e amputação de membros inferiores.
A importância das gorduras saturadas
O mecanismo subjacente da diabetes tipo 2 é a resistência à insulina. Ao contrário da crença popular, não são apenas os hidratos de carbono simples (tais como o açúcar) que causam resistência à insulina. Devido a evolução de técnicas mais avançadas da ressonância magnética, sabemos hoje que o acúmulo de gordura dentro das células musculares e hepáticas têm um papel importante na resistência à insulina. Assim, a quantidade e o tipo de gordura alimentar influenciam diretamente na patogénese da diabetes. Estudos têm mostrado que a elevada ingestão de gordura saturada, ao contrário de gorduras mono e polinsaturadas, causa resistência à insulina, prejudica a secreção de insulina e é tóxica para as células que produzem insulina no pâncreas. Comer grandes quantidades de gordura saturada também está relacionada com níveis elevados de colesterol no sangue e a um maior risco de doenças cardio e cerebrovasculares.
Gorduras saturadas são encontradas em produtos de origem animal, como carnes, carnes processadas e laticínios, muitos alimentos embalados e em alguns produtos derivados de plantas, como óleo de palma, óleo de coco e algumas margarinas.
A evidência sugere que o tipo e a fonte de hidratos de carbono (não refinados versus refinados), gorduras (monoinsaturadas e polinsaturadas versus saturadas e trans) e proteína (vegetal versus animal) desempenham um papel importante na prevenção e gestão do diabetes tipo 2.
Os alimentos que devem constituir a maior parte de uma dieta saudável são alimentos de origem vegetal na sua forma mais integra, natural, completa, não refinada e minimamente processada.
Pessoas, com ou sem diabetes, devem incluir uma diversidade abundante desses alimentos saudáveis em sua dieta. A principal ênfase deve ser na redução da ingestão de alimentos ricos em gordura saturada e evitar açúcares processados e hidratos de carbono altamente refinados.
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IDF DIABETES ATLAS Ninth edition 2019
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Thordis Berger
Chief Medical Officer