Mitos da Gravidez
Está a viver um momento único: a sua gravidez. Mas será que deve comer por dois?
Uma nutrição adequada é essencial para um crescimento e desenvolvimento corretos, independentemente da idade, sexo ou outras situações especiais, como é o caso da gravidez.
Nesta fase específica, as mulheres encontram-se mais recetivas a aceitar aconselhamento nutricional, uma vez que a sua dieta alimentar influencia diretamente o bebé que se desenvolve dentro de si. Contudo, ainda são muitos os mitos em torno da gravidez, entre os quais a típica “teoria” de que a grávida deve comer por dois, os conhecidos “desejos” e o pensamento de que o exercício durante a gravidez poderá prejudicar o bebé.
“Comer por dois”
O ganho de peso gestacional é um dos fatores fundamentais para o desenvolvimento adequado da gravidez e correto crescimento do bebé. Uma gravidez saudável deve ter entre 39 a 41 semanas, e o bebé deve nascer com um peso entre os 3 e os 4Kg.
O IMC pré - conceção, é o principal determinante do ganho de peso gestacional, e será com base neste parâmetro que se determina qual o intervalo de ganho de peso recomendado para a grávida. Contudo, as necessidades energéticas aumentadas não são iguais nos 3 trimestres da gravidez, sendo essencial não descurar o timing de ganho de peso.
No primeiro trimestre, a grávida não deve aumentar a sua ingestão energética, continuando a fazer a sua alimentação normal. Apenas no segundo trimestre deve começar a aumentar a ingestão energética. Neste período, o aumento deve ser de 300Kcal. No último trimestre deve dar-se o maior aumento energético: 500Kcal. Por isso, a grávida deve aumentar a sua ingestão energética durante a gravidez, contudo, esta não deve ser superior às recomendações, de modo a evitar o excesso de peso ganho neste período, que irá inequivocamente ocorrer se esta comer por dois.
Desejos: existem ou não?
Muitas são as grávidas que revelam ter desejos durante a gravidez, mas será que realmente acontecem ou que farão parte de fatores psicológicos? Na verdade, não há qualquer evidência científica que corrobore a existência efetiva destes, pelo que deverão surgir devido às alterações hormonais e sensoriais e ao descontrolo das mesmas, sendo originados pelos descontrolos psicológicos das grávidas. Assim, é crucial que a grávida tenha bom senso na satisfação dos seus “desejos”.
Exercício físico durante a gravidez: sim ou não?
A atividade física é sempre uma recomendação para quem queira adotar um estilo de vida saudável, e a mulher grávida não é exceção. Muitas são as controvérsias da opinião pública relativamente ao exercício físico durante a gravidez, por isso é importante desmistificar esta questão.
As recomendações, durante a gravidez, irão depender da intensidade, duração, tipo e frequência da atividade. Antes de se iniciar qualquer atividade física, a grávida deverá consultar o seu médico de forma a saber qual as atividades apropriadas e a existência de alguma contraindicação. Situações como hipertensão induzida pela gravidez, pré-eclampsia, rutura precoce das membranas, historial de partos pré-termo, entre outras, podem impedir a prática de atividade física.
No caso da não existência de complicações, a grávida poderá continuar ou iniciar a prática de uma atividade física regular. Esta é mesmo recomendada por várias entidades, sendo as modalidades promovidas a natação, caminhada, corrida aeróbica de baixa intensidade e bicicleta estacionária, durantes 30 minutos, ou mais, e na maior parte dos dias da semana, se possível todos.
Contudo, algumas atividades são altamente desaconselhadas como levantar pesos, mergulho, artes marciais, exercício anaeróbico (sprinting) e qualquer exercício com alto risco de queda sobretudo no final da gravidez.
Durante a prática de atividade física tem que haver a preocupação em adequar o consumo energético ao aumento das necessidades nutricionais da gravidez e da atividade física, ingerir bastantes líquidos, antes, durante e após e nunca se exercitar em demasia.
Bruna Silva
Nutricionist Trainee Avenida da Liberdade