Enxaqueca e alimentação: há relação?

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Costuma sofrer de enxaquecas? Descubra como uma alimentação plant-based pode ajudar a aliviar as mesmas.

A Enxaqueca é uma doenca neurovascular crónica caracterizada por ataques de cefaleia episódicos e incapacitantes com sintomas associados. Apesar de muitas vezes desvalorizada, a enxaqueca tem uma elevada prevalência na nossa sociedade, bem como, um elevado impacto na qualidade de vida da pessoa devido à debilidade física, aos transtornos afetivos, a uma acentuada redução da capacidade de atenção e de aprendizagem na escola/emprego, entre outros.


Têm sido identificados diversos fatores que, embora não sejam causa direta da enxaqueca, parecem contribuir para o desencadeamento ou agravamento das mesmas. 


Fatores alimentares a par do stress (ansiedade, preocupação, iritabilidade), privação do sono, oscilações hormonais, fatores ambientais (alterações meteorológicas, viagens prolongadas ou exercício físico) e exposição a cheiros fortes, exposição a luz ou ruídos intensos, são frequentemente apontados como possíveis desencadeadores de enxaqueca. Estes fatores são diferentes em cada pessoa e podem ir variando ao longo da vida.


A obesidade e o sedentarismo são também possíveis fatores de risco para agravar as crises de enxaqueca dada a sua relação com inflamação, insulino-resistência, entre outros.


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QUAIS SÃO OS MEUS GATILHOS ALIMENTARES?

Apesar de controverso e diferente em cada pessoa, parecem existir determinados fatores alimentares implicados na gestão da enxaqueca - triggers ou "gatilho" da enxaqueca. Estes alimentos contêm certas substâncias químicas que podem influenciar a fisiopatologia da enxaqueca em uma ou mais fases do ataque.


Os gatilhos mais comuns na enxaqueca são:  

• Irregularidades nos horários das refeições - jejuns prolongados

• Desidratação 

• Consumo de bebidas alcoólicas - especialmente vinho tinto e cerveja

• Bebidas com cafeína - como café, chá ou bebidas à base de cola 

• Chocolate 

• Citrinos

• Alimentos ricos em tiramina – como queijos envelhecidos e amadorecidos - como cheddar, gouda, brie, parmesão carnes curadas e conservas, 

• Alimentos ricos em nitratos – carnes processadas – bacon, salsichas, presunto

• Comidas asiáticas - como miso, tempeh e alimentos preparados com molho de soja ou Glutamato Monossódico (MSG).


A identificação destes triggers pode ser desafiante dada a multiplicidade de fatores implicados na enxaqueca. 


Adotar uma alimentação saudável e equilibrada, assente em determinados pilares, irá contribuir para a manutenção de uma melhor qualidade de vida, permitindo uma melhor gestão do peso bem como de potenciais alimentos desencadeadores de enxaqueca.


Enxaqueca e alimentação | Salada | Holmes Place


Alimentação plant-based e enxaqueca

Varios artigos científicos alertam para os beneficios de uma dieta vegetal que priviligie frutas, frutos secos, legumes, cereais integrais, leguminosas e sementes em prol de uma alimentação com base em produtos de origem animal e processados para a manutenção da saúde.


No que respeita à gestão da enxaqueca, não é exceção. Dada a riqueza em fibras, vitaminas e minerais torna-a um trunfo na gestão da doença.


Um dos principais fatores desencadeadores de enxaqueca está relacionado com desidratação, pelo que, uma ingetão de água adequada a par do consumo de alimentos ricos em água, como frutas e vegetais, são aconselhados.


Por outro lado, alguns nutrientes em concreto como vitamina B2, presente em alguns alimentos vegetais como cogumelos e soja, e o magnésio, podem ser importantes na regulação de alguns processos a nivel cerebral. Boas fontes de magnésio podem ser sementes, nozes, leguminosas, vegetais de folha verde escura, cereais pouco refinados e leite.


Podemos destacar ainda a importância da Coenzima Q10, que dado o seu papel antioxidante desempenha funções importantes. Para além disso, níveis reduzidos desta coenzima estão associados a fadiga, a falta de força muscular, problemas cardíacos, entre outros. Apesar de ser produzida pelo nosso corpo, este processo tende a diminuir com o avançar da idade. Deste modo, torna-se importante que a mesma seja obtida de forma externa, nomeadamente através de determinadas fontes alimentares como futos oleaginosos, cereais imtegrais, vegetais de folha verde preferendo os frescos e da época, em crú, sempre que possível.


Por fim, e não menos importante, manter uma rotina alimentar evitando longos periodos de jejum, a par de uma rotina de treino, que contribuirá para manter um peso saudável e ajudará a reduzir o nível de stress é fundamental.


Estas são estratégias que só dependem de nós para serem aplicadas e que de facto podem contribuir para uma melhor gestão da enxaqueca e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida. Se há tantos outros fatores que não podem ser controlados, recomendamos que comece por aqueles que pode gerir.


Referências Bibliográficas:

American Migraine Foundation. Meal planning toolkit 

Razeghi Jahromi et al. Association of diet and headache. The Journal of Headache and Pain. 2019

Bunner et al.: Nutrition intervention for migraine: a randomized crossover trial. The Journal of Headache and Pain 2014 

American Headache Society. AHS Consensus Statement. The American Headache Society Position Statement On Integrating New Migraine Treatments Into Clinical Practice. 2018

Mansoureh Togha et al. Body Mass Index and its Association with Migraine Characteristics in Female Patients. Arch Iran Med. October


Ana Rita Pereira

Nutricionista Holmes Place Tejo

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