Do Fitness ao Wellness: A importância da qualidade do movimento

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É inevitável que no futuro a qualidade de movimento seja cada vez mais importante. Do fitness ao bem-estar, saiba como melhorar essa qualidade para se sentir bem em todas as etapas da sua vida.

O mundo do Fitness tem passado por muitas modas e revoluções. A tendência para a sua associação ao bem-estar e qualidade de vida levou ao aparecimento de um maior números de Health Clubs em detrimentos dos ginásios vulgares com salas de musculação e algumas aulas de grupo tradicionais.


Agregado a esta mudança surgiu o conceito de Wellness que por vezes se confunde com o Fitness devido a alguns pontos em comum como é a prática de exercício físico.


Enquanto o primeiro está relacionado com o desenvolvimento das capacidades físicas (força, flexibilidade,…) e respetiva performance o segundo prende-se com a sua saúde e qualidade de vida global, abrangendo não apenas o exercício mas também a relação que os aspetos emocionais, psíquicos e ambientais têm no nosso organismo.


Este processo ativo e consciente de fazer escolhas saudáveis é determinante para uma melhor qualidade de vida e aumentar a imunidade a muitos problemas da sociedade moderna (stress, poluição, sedentarismo,…).


Grupo a fazer Pilates | Fitness ao Wellness | Qualidade do Movimento | Holmes Place


A crescente procura de aulas de Yoga ou Pilates é um bom exemplo desta revolução pela sua visão holística de ambas e influência que a consciência do movimento e perceção do corpo têm no nosso organismo. Contudo, fora destas e outras atividades, o movimento realizado pelas pessoas no seu dia a dia é cada vez mais reduzido e pouco variado, o que dificulta a obtenção de resultados significativos para a saúde. Este sedentarismo cada vez maior da população, para além da obesidade e outros problemas sistémicos, leva à diminuição do controlo motor e consciência corporal. A inclusão destas pessoas em programas de treino em que a qualidade do movimento no geral é fraco nas tarefas mais rotineiras como agachar, andar, correr, saltar e até respirar em que os objetivos são claramente direcionadas para alterações bruscas da composição corporal, normalmente por razões estéticas, não se traduz na melhoria do fator mais importante, o MOVIMENTO.


Qual a tendência atual?

Na verdade, a tendência destes casos será para destruir os vários padrões motores já por si frágeis pela saturação dos mesmos (repetições, cargas,…). Sem desvalorizar a influência que a imagem e estética têm na autoestima de cada pessoa, assistimos a uma sociedade que procura obter resultados a qualquer custo, com o menor esforço e no mínimo tempo possível, levando a que muitas das abordagem tenham um impacto negativo na saúde. Deste modo, fará pouco sentido treinos clássicos de musculação quando o movimento não se encontra normalizado e/ou quando não se alteram rotinas fora do treino.   


Tipo de treino adequado

Hoje, na era da informação, temos acesso facilitado e imediato a todo o tipo de conhecimento, o que implica ter um filtro ao que vemos ou ouvimos. Embora se fale muito do Treino Funcional e a sua relação com a qualidade do movimento a verdade é que muitos praticantes e até profissionais não fazem uma boa interpretação do mesmo.


Embora complexo, este conceito de treino pode ser simplificado na otimização de determinadas funções do corpo, ou seja, o movimento por ele realizado. Para isso deve desenvolver o seu controlo motor tendo em consideração dois pontos essenciais:


1 - Melhorar a eficiência: ter um bom movimento nas tarefas que já consegue fazer implica ser eficiente, logo deve conseguir realizá-las com o mínimo gasto energético. Ao contrário de métodos que procuram aumentar a ativação muscular (elevado custo energia) com o objetivo de aumentar a força ou massa muscular, nesta filosofia de treino devem ser criadas estratégias e progressões para melhorar a fluidez e sinergia músculo-esquelética. Com isto trabalhamos a automatização dos exercícios para que os possamos realizar de forma natural e inconsciente.


2 - Desenvolver novas tarefas: Realizar movimentos novos diariamente é decisivo para estimular o nosso Sistema Nervoso na sua globalidade. Apesar do cerebelo estar associado ao equilíbrio e movimento no geral, trata-se de uma estrutura primitiva hierarquicamente, logo associada a tarefas mais básicas. Para haver aprendizagem é necessário despertar zonas mais superiores do cérebro que são evolutivamente mais recentes através de exercícios realizados de forma lenta e consciente. Assim, se nos exercícios do treino estivar apenas a “fazer por fazer” ou de forma rápida e descontrolada entrará em modo “piloto automático” e não obterá benefícios neste campo.


Mulher a fazer trx incentivada por personal trainer | Fitness | Treino | Holmes Place


A necessidade de mensuração do trabalho realizado também dificulta esta revolução do treino clássico. A maioria dos técnicos e praticantes gosta de organizar as sessões de treinos através de metodologias que se baseiam em Intensidade, Séries e Repetições de cada exercício na procura de controlar todas as variáveis. Sem desvalorizar as mesmas, quando se fala de movimento a quantidade e qualidade são inseparáveis, logo dependentes uma da outra. Por exemplo, se por um lado caminhar pode ser benéfico de pouco adiantará dar 10.000 passos por dia se no fundo esteve sempre a fazer o mesmo movimento. Estando o corpo humano projetado para imensas habilidades é determinante variar os estímulos de treino. 


No caso da corrida

Outra boa forma de perceber a dificuldade em quebrar estes paradigmas pode ser demonstrado pelo aumento do chamado “Running” com cada vez mais pessoas a correrem em ginásios, provas outdoor (Meias-Maratonas, Trails,…) ou apenas por lazer. Muitas dão uma importância extrema ao volume (distância percorrida) do treino, calorias gastas (ou supostamente gastas…), velocidades, tempos,… Isto porque provavelmente investiram em dispositivos com aplicações que lhes fornecem inúmeros dados que nem sempre sabem interpretar e o mais importante, a técnica de corrida e a forma com se movimentam, fica para segundo plano. Provavelmente porque nunca lhes foi explicado que para correrem melhor ou mais rápido têm de melhorar a sua técnica e não correr mais tempo. Neste sentido mais importante que ir correr é treinar a corrida através de exercícios específicos para cada um.

 

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É inevitável que no futuro a qualidade de movimento será cada vez mais importante, não apenas na teoria. Muitas das lesões, provocadas quer na prática de atividades físicas quer em tarefas do dia a dia, devem-se em boa parte não por uma sobrecarga real mas sim porque a técnica não se encontra bem integrada.


Como podemos explicar que uma pessoa consiga realizar agachamentos com mais de 100kg mas sofra de instabilidade nos joelhos? O facto de possuir uma grande produção de força apenas representa um benefício real no dia a dia caso tenha controlo sobre a mesma (sinergia muscular), boa centralização articular, estabilidade ligamentar e mobilidade de estruturas supra e infrajacentes. Caso contrário o desenvolvimento da força nestes casos pode tornar-se mais perigosa. 


Conclusão

Em resumo, não se pretende referir que o exercício é prejudicial mas sim a necessidade de que este tenha de ser adequado para que seja benéfico para a saúde. Para isso procure:


- Garantir que quem orienta o seu treino é um profissional da área e apaixonado pelo seu trabalho, pois só assim será uma alavanca para o seu Sucesso;


- Ouvir o corpo, respeitar o seu ritmo e outras especificidades. Não se compare a ninguém já que os segredos do êxito são únicos para cada um e os tempos para a aquisição de resultados também;


- O movimento realizado ao longo do dia deve ser variado e superar largamente o movimento produzido no treino, seja ele qual for;


- Englobar em todas a sessões de treino exercícios que já consiga fazer para aperfeiçoar a sua técnica (fluidez) e exercícios novos como estímulo à aprendizagem de outras tarefas;


- Antes de querer ser um especialista de algo procure ser um generalista, dominando o seu corpo no número máximo de tarefas que conseguir.


Bons treinos,

José Pereira - Regional Master Trainer

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